domingo, 9 de janeiro de 2011

BRINCANDO, CRESCENDO E APRENDENDO COM A MÚSICA


                                                                              Nydia Monteiro

O brincar faz parte do desenvolvimento humano. É brincando que se aprende a viver. O mundo sonoro que rodeia a criança e a todos que fazem parte dele tem um potencial infinito neste desenvolvimento. Na atualidade há uma supervalorização do ter, consumir, como se fosse a única forma de se estimular adequadamente as crianças. Mas será que é preciso adquirir brinquedos caros, sofisticados para ver seu filho mais inteligente ou até mesmo mais feliz?
Lembrando uma história contada e cantada sobre um macaquinho e o pai (Bia Bedran-Canta e conta) tenho a certeza que não:
“Todo dia o macaquinho ia para a cama do pai e dava uma desculpa : mamadeira, frio, ir ao banheiro e não deixava o pai dormir. Até que um dia ele falou a verdade:
                                          -Ah pai, é porque eu fico com saudades de você.
Aí o pai entendeu e passou a brincar um pouquinho com seu filho ao chegar do trabalho. Ao invés de só ver televisão. E o macaquinho além de ficar muito feliz, nunca mais foi para a cama do seu pai.”
Quantas brincadeiras simples e mágicas que podem marcar este crescimento tão precioso que modela uma pessoa em sua personalidade, humor, inteligência e confiança em si mesmo. Quando a música e a presença dos pais fazem parte destes momentos potencializa ao máximo este aprendizado e ainda fica marcado em sua memória infantil, podendo ser resgatado em sua vida adulta. Ela não esquece e como estes conteúdos são associados a momentos bons, transmitirá a seus filhos, sobrinhos e outros.
Ainda com bebês é a voz alterada para um som mais agudo e acentuado que é utilizado para fazer um melhor contato e brincar. Estalos de língua, palmas, estalos, assobios, cavalinhos com o corpo, esconde-achou, cantigas de ninar e brincar, objetos sonoros, caixas, latas, garrafinhas, tampas que viram tambor e maracás, ritmos e palavras repetitivas. Acompanhando a evolução e estimulando intuitiva ou conscientemente o desenvolvimento neuropsicomotor são necessárias as brincadeiras cantadas estimulando a movimentação e a compreensão dos comandos e das palavras. Cabras-cega, gato-mia, galinha choca, brincadeiras de rodas, água, sementes variadas em recipientes de diversos tamanhos estimulando a qualidade de audição. Diálogos repetidos, palavras simples e rotineiras podem estimular a aprendizagem e a aquisição da linguagem muito cedo. Mas sobretudo a utilização de músicas infantis cantadas, gravadas e também contadas em forma de história  utilizando material concreto (bonecos, bichos, objetos) com vozes modificadas em andamento (velocidade), intensidade (volume), timbre ( voz anasalada, mais ou menos grave ou aguda, etc.) Utilização também de livros infantis com ilustrações atrativas e a sonorização sendo estimulada ao longo da narrativa. (ex: sons de bichos, natureza, palavras repetidas, pequenas canções, etc.) Conteúdos emocionais, modelação do caráter, regras, atenção, concentração, memória, segurança, maior proximidade da criança e dos adultos e muitos outros objetivos podem ser alcançados.
Não perca a chance de tornar, mesmo que breves, momentos estimulantes amorosos e de qualidade para você e seu filho(a). Brincando, crescendo e aprendendo com a música.
Quadro referencial audiomusicoverbal  (para uma melhor adequação de atividades por idade)-Autora-Nydia do Rego Monteiro-referências da neuropediatria, neurociências, fonoaudiologia, terapia ocupacional, educação musical e musicoterapia)
1 MÊS / 2 MESES
3 MESES
6 MESES
9 MESES
1 ANO
Os recém-nascidos reconhecem vozes familiares ouvidas durante a gestação a partir do 5º mês, principalmente as da mãe. Reconhecem também, melodias ouvidas durante a gravidez da mãe, quase sempre ficando tranquilos. São sensíveis às notas musicais e têm capacidade para reconhecer as dissonâncias e mudanças de tom das melodias . Ao ouvir uma música, os bebês já são capazes de identificar o intervalo entre as batidas e o padrão que elas obedecem, criando expectativas quanto ao início de um novo compasso.
O choro é sua comunicação. Emite sons como: ah, eh, uh. Segura maracá, chocalho. Percebe sons com rapidez. Reconhecem o rosto da mãe. Acompanham com os olhos os objetos e os sons.
Fase do balbucio.
Prazer em repetir sons.
Intervalo de 3ª menor é emitido (mi a sol 3).
Gosta de objetos sonoros e coloridos. Começa a voltar a cabeça para a fonte sonora.
Produz ruídos com a garganta e estala o céu da boca
Reage a barulhos arregalando os olhos.
As mãos são a descoberta e as mantém abertas, e segura objetos com firmeza.
Bate em um móbile e consegue um som ou movimento (relação causa e efeito).
Leva tudo à boca.
Chora quando é deixado sozinho (sinal de sociabilidade). Sorri em resposta a outro sorriso e a conversas.
Localiza sons laterais.
Brinca com objetos sonoros. Sacode maracás e chocalhos.
Emite sons simples. Pode balbuciar mama, papa sem associar significado.
Lambe,
morde,
chupa tudo ao seu alcance. Pode discernir vozes amáveis de bravas.
Imita expressões.
Diverte-se com jogos: ”cadê ‘nenê’?... Achou!”
Localiza sons para o lado e para baixo, indiretamen-te.
Entende algumas palavras como o “não”, seu nome.
Brinca de soltar brinquedos no chão e espera que peguem de volta. Busca objetos. Fase da lalação: da, nenê. Emite sons semelhantes ao seu meio. Bate palmas, joga beijos, dá tchau. Toca tambor, pandeiro, maracás, chocalhos e outros. Utiliza baquetas com as duas mãos. Polegar e indicador funcionam como pinça para pegar.
Localiza sons laterais, para baixo e indiretamente, para cima. Tenta se expressar e aponta. Fala “dá”. Entende conceitos como: “aqui”, ”lá”, ”dentro”, ”fora”, ”para cima”, ”para baixo”. Ataques de birra. Imita e copia ações e pessoas. Entende comandos. Grava músicas, e algumas palavras e significados. Canta palavras dos finais de frases. A tessitura de voz pode alcançar cinco sons (dó a sol 3). Gosta de dançar, apertar botões. Gosta de instrumentos de teclado. Pode soprar apitos e flautas. A rotina e firmeza dos pais ajudam a reforçar a estrutura emocional das crianças. Brincadeiras de “esconde-achou” ajuda a criança a lidar com perda e reencontro.

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