QUADRO REFERENCIAL AUDIOMUSICOVERBAL DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS

PROPOSTA DE UM QUADRO REFERENCIAL AUDIOMUSICOVERBAL DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS PARA A PRÁTICA MUSICOTERAPÊUTICA


Nydia Cabral Coutinho do Rego Monteiro[1]


SINOPSE

Objetivou-se elaborar um instrumento prático de referência ao desenvolvimento neuropsicomotor com ênfase no audiomusicoverbal para a utilização do musicoterapeuta e educador musical. A aplicação pode ser feita em crianças com atraso no desenvolvimento global em tratamento terapêutico ou na educação.

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi a elaboração do quadro para observação do Desenvolvimento Neuropsicomotor, referente especificamente, aos aspetos Audiomusicoverbal, que pudessem ser utilizados como instrumento de análise objetiva das realizações observadas em crianças, possibilitando assim, a localização e acompanhamento das mesmas, nesse processo evolutivo. Direcionado, principalmente, para crianças em tratamento terapêutico.
O quadro para Observação do Desenvolvimento Audiomusicoverbal foi elaborado com base na literatura a respeito dos indicadores que caracterizam os estágios iniciais do desenvolvimento nos campos da: Neurologia (Denver, Flehmig, Hadnig, Lenneberg, Ladinig, Oziller, Winkler, Peretz e outros), Educação Musical (Beyer, Ilari, Parizzi, Swanwick, Tilman), Musicoterapia (Bruscia, Federico e outros), Fonoaudiologia (Azevedo, Costa e Cols; Northrn & Downs) e Terapia Ocupacional (David Werner), somados com a experiência prática de três décadas de atuação profissional em educação musical, na referida faixa etária. O quadro está sendo aplicado em crianças (N=88) com desenvolvimento típico (educação) e atípico (centro de reabilitação física) para verificação.
O quadro é constituído de nove itens, descrevendo o desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) em seus aspectos audiomusicoverbal (AMV) de criança sem atrasos. O quadro apresenta inicialmente as idades de um, três, seis, nove e doze meses, e na segunda etapa, o desenvolvimento até os dois, três, quatro e cinco anos. Ao ser utilizado em crianças com atraso em tratamento terapêutico, pode localizar a etapa atual e acompanhar a evolução no tratamento futuro.

CONCLUSÃO

O quadro AMV de Musicoterapia é uma proposta de sistematização da observação, referentes ao DNPM, durante o período de tratamento multidisciplinar da criança até cinco anos, dentro do setor de musicoterapia. A aplicação está sendo realizada e avaliada ao longo dos nove meses deste ano de dois mil e dez, com crianças típicas e atípicas, em processo normal de educação musical e de musicoterapia. Desta forma, podemos concluir que a criação deste material prático auxilia de forma concreta o trabalho de profissionais da área, proporcionando um melhor acompanhamento de cada paciente e uma melhor compreensão da evolução do tratamento por parte da equipe multidisciplinar.

PALAVRAS-CHAVE: Quadro Referencial, Desenvolvimento, Audiomusicoverbal, Musicoterapia.















PROPOSTA DE UM QUADRO REFERENCIAL AUDIOMUSICOVERBAL DO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR DA CRIANÇA DE 0 A 5 ANOS PARA A PRÁTICA MUSICOTERAPÊUTICA


Nydia Cabral Coutinho do Rego Monteiro


APRESENTANDO

O desenvolvimento neuropsicomotor da criança se complementa com o referencial auditivo do bebê, que já está em desenvolvimento desde a sua gestação. A partir de seu nascimento, tendo sua audição como parâmetro comparativo e evolutivo, esta mesma criança inicia sua relação com o mundo através do que percebe sonoramente. Devolve esta percepção, interage e solicita a satisfação de suas necessidades instintivas através do choro, balbucios e vocalizações. Os sons produzidos por ela, passam a ser também sinais que serão interpretados pela mãe, profissionais da saúde e familiares. O médico pediatra, neuropediatra em especial, presta atenção, no fato de a criança emitir sons e com que qualidade (FLEHMIG, 2004), para muitas vezes, definir diagnósticos e estabelecer tratamentos. Ouvindo ruídos, a criança inicia seus movimentos (FLEHMIG, 2004). Vira-se para a fonte dos ruídos. Acalma-se quando ouve uma voz amiga. Chora quando está com fome, molhada, cansada. A intensidade ou volume varia conforme a causa. Quando há alterações, sinaliza-se uma necessidade maior de intervenção, estímulo e habilitação.
Uma criança que está em tratamento por ter seu desenvolvimento neuropsicomotor comprometido e em atraso, necessita de avaliações multiprofissionais competentes e objetivas. A musicoterapia em um contexto multidisciplinar de saúde, com profissionais trabalhando em conjunto para uma melhor estimulação, habilitação e reabilitação desta criança, necessita de instrumentos práticos em sua prática. Baseada nesta necessidade esta profissional desenvolveu este quadro de desenvolvimento audiomusicoverbal, como forma de localizar e acompanhar a evolução desta criança em tratamento de saúde. Utilizando exatamente a matéria-prima utilizada pela musicoterapia: audição, a música e verbalização. Esta clientela - de zero a cinco anos - é atendida uma vez por semana neste setor, às vezes, duas, individualmente. Poucas vezes, também, em pequenos grupos. Além da avaliação inicial, antes de se estabelecer objetivos, a cada três meses, novas avaliações são realizadas por todos os profissionais envolvidos com este paciente, e elaborados relatórios registrando objetivamente, evolução ou não e procedimentos necessários. Neste momento, este quadro de desenvolvimento audiomusicoverbal, completa de forma mais clara, para os colegas de outras áreas pertencentes à equipe, a evolução ocorrida com a criança. Acrescento que todos os outros setores já utilizam seus quadros, tabelas e outros, também como forma de tornar mais eficiente suas avaliações e intervenções.

O DESENVOLVIMENTO AUDIOMUSICOVERBAL DE ZERO A CINCO ANOS

Durante a gestação o ouvido humano se desenvolve por volta do vigésimo segundo dia, mas passa a ter função somente a partir da vigésima quinta semana (Woodwart, 1992 apud Ilari, 2002). O cérebro dos recém-nascidos responde a violações da batida de um ciclo (WINKLER, 2009). Assim, segundo Bruscia (1999), dois elementos musicais são importantes para o feto: o pulso (e ritmos previsíveis) e a altura. Os quais são associados por condicionamento com a qualidade de sensação, alimentação, satisfação e necessidades de sobrevivência. Os bebês com apenas três dias de vida reconhecem a voz materna (Casper e Fifer, 1980 apud Ilari, 2002), histórias, rimas, parlendas e canções (Lamont, 2001 apud Ilari, 2002) ouvidas a partir do sexto mês de gestação. O choro e balbucios são sua comunicação. Percebem sons com rapidez e acompanham com os olhos, os objetos e os sons, do zero aos dois meses (Escala de Denver- Flemig).
Quanto à localização da fonte sonora descrita no quadro, baseou-se em roteiros de observação fonoaudiológicos como: Costa e Cols (1992), Azevedo (1993), destacados por Lopes et al (2005)
Quanto ao verbal descrito nas etapas até os cinco anos, nossa pesquisa coletou dados que coincidiram dos seguintes autores: Lenneberg (apud Schwartz et all,1997), David Werner (1994) (quadro utilizado por terapeutas ocupacionais), escalas evolutivas de Denver (neuropediatria - Flehmig e Nitrini, 1995), fonoaudiologia (Lopes e Campionto, 2005), principalmente.
Na musicoterapia, Bruscia (1999) destaca que um dos principais objetivos de se examinar a história do cliente é detectar em que estágio o cliente se encontra. Complemento que, com os nossos pacientes, o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, e em especial nos aspectos audiomusicoverbal, é quase sempre presente. O mesmo autor, afirma que, quando concebemos a musicoterapia como um processo de desenvolvimento, temos objetivos principais de: facilitar o desenvolvimento e crescimento, a partir do conhecimento das necessidades do cliente no estágio em que se encontra; remediar incapacidades específicas do desenvolvimento. O que é exatamente, nosso trabalho terapêutico realizado com estas crianças, e que provocou a elaboração do quadro aqui apresentado.
De zero a seis meses, a motivação para a atividade vocal é satisfazer as necessidades básicas. A relação rítmica que o bebê estabelece com a mãe é através da sucção. Quase sempre, também é vivenciado com o acompanhamento do balanço do corpo do adulto aconchegado ao seu, e das canções de ninar, infantis e outras. De acordo com Ilari (2003) Cardoso e Salbatini (2000), ressaltam que a música pode constituir um estímulo importante para o desenvolvimento do cérebro da criança. O cantar, dançar e brincar auxiliam no aprendizado musical, no desenvolvimento neuropsicomotor e na aquisição do verbal. Na musicoterapia utilizamos atividades de estimulação sonoro-musicais, com objetivos terapêuticos estabelecidos anteriormente, para vencer ao máximo o atraso e comprometimento neurológicos destas crianças. Para uma melhor eficácia neste trabalho, é necessário então, um conhecimento do desenvolvimento neurológico do bebê, e a localização exata da etapa atual em que o mesmo se encontra, antes de iniciar tratamento. Nesta etapa, os instrumentos musicais são uma extensão do corpo do bebê, e os que são possíveis de serem utilizados, são tocados quando segurados, jogados ou sacudidos ao acaso.
Aos nove meses, Bruscia (1999) destaca o reconhecimento de melodias, movimentos associados a elas. O fascínio pela sua própria voz e as diferenças no timbre, altura, intensidade são percebidos. O canto das palavras finais de frases é descrito em quase todos os estudos e quadros já utilizados nas diferentes áreas já citadas na fase a partir de um ano. A partir desta mesma idade, os instrumentos musicais são manipulados ativamente e intencionalmente. Todos os instrumentos musicais e extensões vocais, destacados no quadro por fases, são baseados em experiência prática desta profissional, em três décadas, na área de educação musical com crianças neurotípicas, além de referências bibliográficas de autoras  nestas áreas como: Beyer (2005), Parizzi (2009), Carneiro (2006) e outros autores de métodos utilizados mundialmente.

QUADRO DE DESENVOLVIMENTO AUDIOMUSICOVERBAL
 (organizada pela educadora musical e musicoterapeuta Nydia do Rego Monteiro- teste em 2010)

1 MÊS / 2 MESES
3 MESES
6 MESES
9 MESES
1 ANO
Os recém-nascidos reconhecem vozes familiares ouvidas durante a gestação a partir do 5º mês, principalmente as da mãe. Reconhecem também, melodias ouvidas durante a gravidez da mãe, quase sempre ficando tranquilos. São sensíveis às notas musicais e têm capacidade para reconhecer as dissonâncias e mudanças de tom das melodias . Ao ouvir uma música, os bebês já são capazes de identificar o intervalo entre as batidas e o padrão que elas obedecem, criando expectativas quanto ao início de um novo compasso.
O choro é sua comunicação. Emite sons como: ah, eh, uh. Segura maracá, chocalho. Percebe sons com rapidez. Reconhecem o rosto da mãe. Acompanham com os olhos os objetos e os sons.
Fase do balbucio.
Prazer em repetir sons.
Intervalo de 3ª menor é emitido (mi a sol 3).
Gosta de objetos sonoros e coloridos. Começa a voltar a cabeça para a fonte sonora.
Produz ruídos com a garganta e estala o céu da boca
Reage a barulhos arregalando os olhos.
As mãos são a descoberta e as mantém abertas, e segura objetos com firmeza.
Bate em um móbile e consegue um som ou movimento (relação causa e efeito).
Leva tudo à boca.
Chora quando é deixado sozinho (sinal de sociabilidade). Sorri em resposta a outro sorriso e a conversas.
Localiza sons laterais.
Brinca com objetos sonoros. Sacode maracás e chocalhos.
Emite sons simples. Pode balbuciar mama, papa sem associar significado.
Lambe,
morde,
chupa tudo ao seu alcance. Pode discernir vozes amáveis de bravas.
Imita expressões.
Diverte-se com jogos: ”cadê ‘nenê’?... Achou!”
Localiza sons para o lado e para baixo, indiretamen-te.
Entende algumas palavras como o “não”, seu nome.
Brinca de soltar brinquedos no chão e espera que peguem de volta. Busca objetos. Fase da lalação: da, nenê. Emite sons semelhantes ao seu meio. Bate palmas, joga beijos, dá tchau. Toca tambor, pandeiro, maracás, chocalhos e outros. Utiliza baquetas com as duas mãos. Polegar e indicador funcionam como pinça para pegar.
Localiza sons laterais, para baixo e indiretamente, para cima. Tenta se expressar e aponta. Fala “dá”. Entende conceitos como: “aqui”, ”lá”, ”dentro”, ”fora”, ”para cima”, ”para baixo”. Ataques de birra. Imita e copia ações e pessoas. Entende comandos. Grava músicas, e algumas palavras e significados. Canta palavras dos finais de frases. A tessitura de voz pode alcançar cinco sons (dó a sol 3). Gosta de dançar, apertar botões. Gosta de instrumentos de teclado. Pode soprar apitos e flautas. A rotina e firmeza dos pais ajudam a reforçar a estrutura emocional das crianças. Brincadeiras de “esconde-achou” ajuda a criança a lidar com perda e reencontro.


A partir de dois anos, toca instrumentos de bandinha rítmica e mantém ritmo por imitação. Hargreaves, apud Parizzi (2009) diz que crianças de dois a três anos não enfatizam os detalhes, sendo a principal conseqüência deste aspeto, a imprecisão das relações de durações e alturas. Segundo Shuter-Dyson y Gabriel (1981) de três a quatro anos, a criança concebe um plano geral de uma melodia, e pode desenvolver ouvido absoluto se estudar um instrumento musical.
Em nossa experiência prática com bebês em aula de música em ambientes de zona urbana e rural, quase todos desenvolvem aspectos audiomusicoverbais acima do descrito neste quadro, se adequadamente estimulados a partir dos primeiros meses.
Destacando a musicoterapia, musicalmente, a criança constrói suas próprias canções com sílabas ou palavras sem sentido. Cantar canções conhecidas é prazeroso e utilizado como expressão (BRUSCIA, 1999). Ela desenvolve habilidades tonais e aprende a interagir, se perceber e explora suas emoções. Além de necessitar também de canções que estimulem o movimento, o que é utilizado bastante na habilitação física pelo musicoterapeuta. Os sons dos instrumentos também estão associados a várias partes do corpo, pela criança. Estes mesmos instrumentos musicais ajudam a criança a desenvolver seu ritmo e tentar sincronizar-se ao ritmo dos outros. Ela se move com ritmo: sacudindo-se, balançando-se, batendo o pé, e interpretativamente. Reconhece canções, distingue ritmo, pulso, melódico, melodia/escala. Papousek (1996), Dowling (1984), Davies (1992),Swanwick, Tilmann (1988), Shifres (2007) citados por Parizzi (2009) confirmam que os bebês brincam com os sons vocais, incentivados pelos pais e cuidadores, os quais são modelos de timbre, andamento, intensidade, altura e linguagem. O musicoterapeuta assume este papel perante a criança com atraso no DNPM, AMV, estimulando-o adequadamente com os elementos sonoro-musicais necessários para atingir a finalidade viável proposta. Swanwick (1988) ressalta que o processo musical da criança por volta dos cinco anos não atinge o mesmo nível de desenvolvimento de sua linguagem, provavelmente porque a criança não é tão estimulada para fazer música como é para falar. (Parizzi) Acrescento que, um nível de desenvolvimento mais alto pode ser atingido pela criança que se inicia musicalmente desde bebê. Este quadro também pode ser utilizado como referência de planejamento para atividades desenvolvidas em sala de aula de música para bebês e crianças, adequando mais as reais potencialidades e estimulando a superações.

2 ANOS
3 ANOS
4 ANOS
5 ANOS
Localiza os sons em qualquer ângulo. Período da justaposição de duas palavras. Gosta de elogios e agradar a adultos. Entende simbolismos.
Começo do prazer da socialização. Começa a perceber as regras.
Localiza objetos e aponta. Pode fazer instrumentos musicais simples como maracás. Responde a perguntas e a conversa. Possessivo, quer que tudo seja dele. É marcado pelo negativismo: ”Não vou”, ”não quero”, “não gosto”. Toca instrumentos de bandinha rítmica e mantém rítmo por imitação. Ex: pandeiro, tambor, castanhola, reco-reco, ganzá,etc. Canta músicas inteiras (dó a lá 3) e repete movimentações.
Por que? É utilizado. Usa frases simples. Interage com as pessoas. Nomeia objetos, obedece instruções simples. Brinca independente com crianças e brinquedos. É ágil, realizando duas atividades aos mesmo tempo. Pula com os dois pés, sobe, corre. Tem habilidade motora para tocar instrumentos musicais melódicos. Relaciona notas musicais, emitindo uma oitava completa (dó3 a dó4) e distingue instrumentos musicais diferentes. É generosa e carinhosa com amigos. Está descobrindo a diferença entre os sexos.
Constrói frases com até seis palavras, sobre o dia, situações reais e próximas. Entende regras gramaticais e tenta usá-las.
Obedece instruções múltiplas. É capaz de iniciar leitura musical e executar com precisão rítmica e  melódica. Tem concentração para atividades difíceis. Grava e reproduz histórias e músicas.
Está mais instável emocionalmente e pode se mostrar rebelde com pais e regras.
Expressa sentimentos e emprega verbos: “pensar” e “lembrar”. Fala de coisas ausentes e usa palavras de ligação entre as sentenças.
Realista, quer entender como o universo funciona. Cansa os pais com perguntas. Já pode falar como um adulto. Ajuda em tarefas simples. Lê música, improvisa, cria, canta e toca .
Percebe e discrimina timbres diferentes e ao mesmo tempo. É capaz de fazer instrumentos musicais simples. Sua coordenação fina deve ser trabalhada.
É capaz de praticar estudos musicais com prazer. Tem confiança em si e nos outros, e volta a respeitar a autoridade dos pais, sendo obediente .


APLICAÇÃO DO QUADRO DNPM-AUDIOMUSICOVERBAL

1º.     Em Musicoterapia, ao realizar avaliação antes de iniciar atendimento musicoterapêutico, localizar no quadro as ações que o bebê já realiza, e marcar no quadro a data da avaliação. Estabelecer os objetivos terapêuticos que no geral contemplam a estimulação para superar ao máximo o ADNP (atraso no desenvolvimento neuropsicomotor), e à medida que for avaliando durante o tratamento, ir assinalando os ganhos adquiridos e datando. Este quadro tem o objetivo de facilitar e instrumentalizar o profissional musicoterapeuta, pertencente a uma equipe multidisciplinar da área de saúde, que periodicamente tem que produzir relatórios objetivos e pontuais sobre seu paciente. Ao dar alta ao paciente em tratamento, tem um quadro que registra e demonstra visualmente a evolução da criança em tratamento.
2º.     Educação Musical e Educação - Um quadro referencial de capacidades compatíveis com as crianças que tenham desenvolvimento neuropsicomotor normal de zero a cinco anos, pode auxiliar o professor durante seus planejamentos e aplicação diária. Principalmente na área audiomusicoverbal que carece de instrumentos de avaliação e referências para aplicação com crianças.

CONCLUINDO

A aplicação deste quadro referencial está sendo realizada e avaliada ao longo de nove meses, deste ano de dois mil e dez, com crianças neurotípicas e atípicas em processo normal de educação musical e de musicoterapia. Desta forma, podemos concluir que a criação deste material prático auxilia de forma concreta, o trabalho de profissionais da área, proporcionando um melhor acompanhamento de cada paciente, e uma melhor compreensão da evolução do tratamento por parte da equipe multidisciplinar. Em relação ao contexto de educação, dá um melhor suporte ao educador musical em suas práticas e também, fornece um parâmetro realista do desenvolvimento normal. Citando, Federico (2008) recorrer a investigações existentes para encontrar aquelas necessidades ainda não encontradas. Ver nossos clientes, pacientes, crianças com uma melhor qualidade de vida e melhor inserção e interação no mundo, é a nossa principal meta. A música é o primeiro terapeuta porque ela trata o paciente, e o musicoterapeuta a aciona. Que este instrumento prático possa facilitar a aplicação e o alcance dos objetivos estabelecidos por nossos colegas da musicoterapia e da educação musical.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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[1] Especialista em Musicoterapia – CBM-RJ-1998. Co-Autora do Projeto de Especialização em Música-Musicoterapia - UFPI-2005. Musicoterapeuta do CEIR - Centro Integrado de Reabilitação Física de Teresina-PI. Presidente AMT-PI -Associação de Musicoterapia do Piauí. E-mail-nydiadoregomonteiro@yahoo.com.br